O Programa Educativo Iphan+80, que envolveu no primeiro semestre as localidades de Belo Vale, Congonhas, Ouro Branco, Miguel Burnier, Mariana, Juiz de Fora e Cataguases em uma ação de pintura de muros representando bens culturais locais entrou em nova etapa. Concluída a fase de intervenções artísticas nos muros das cidades, o projeto agora oferece oficinas com o intuito de formar professores e agentes culturais para atuarem como multiplicadores. Três das sete cidades já receberam as oficinas: Cataguases, Juiz de Fora e Congonhas. E os depoimentos dos participantes revelam um pouco da riqueza destes momentos. Para o multiplicador Alex Ventura, de Cataguases, “por se tratar de patrimônio, esperávamos uma visita mais técnica. Os temas apresentados na oficina e a dinâmica aplicada tornaram tudo muito divertido.” A abordagem da Educação Patrimonial Afetiva, adotada pelo Programa, envolve ativamente as comunidades no processo de reencontro com o seu patrimônio. Sobre isso, Zelda Maia, assistente da coordenação do Programa, destacou a efetividade da metodologia: “As oficinas não se prendem em conceitos frios acerca do que seja patrimônio. Com o desenrolar da oficina, as pessoas são sensibilizadas na prática sobre o que é o patrimônio a partir da sua história de vida e de sua bagagem pessoal. Quando as pessoas se apropriam de uma maneira afetiva e verdadeira da ideia de proteção patrimonial, a chance de ela se tornar uma defensora do patrimônio é muito maior”, disse.
A etapa de formação de multiplicadores do Programa Educativo Iphan+80 será realizada até o final de setembro. Nas oficinas, os professores e agentes culturais inscritos terão a oportunidade de participar de uma vivência dinâmica. A proposta é envolver os sentidos no processo de redescoberta do patrimônio cultural de cada cidade. Além dos conceitos e teorias que permeiam esse tipo de formação, o objetivo é promover uma ação sensível e transformadora.
Ao final, os professores e agentes culturais inscritos receberão certificado de Multiplicador do Programa Educativo Iphan+80, além de materiais didático-pedagógicos especialmente elaborados como o “Caderno do Professor”, com conceitos e sugestões de atividades de educação patrimonial aplicáveis a diversas faixas etárias e níveis de ensino, tanto no contexto das escolas, quanto no contexto dos centros culturais e dos museus. Em cada cidade serão ofertadas 40 vagas para professores e agentes culturais. A inscrição e a participação na oficina são gratuitas.
Em Mariana, a segunda fase do Programa Educativo Iphan+80 ocorrerá nos dias 10 e 11 de setembro, das 18h às 21h30, no Centro de Convenções Alphonsus de Guimarães, na Av. Getúlio Vargas, 110, no Centro. As vagas são limitadas. Inscrições pelo site www.iphan80.com.br.
Patrimônio Cultural Imaterial
Mariana, famosa por sua riquíssima arquitetura e conhecida como a primeira vila, a primeira capital, a primeira cidade e a primeira diocese de Minas Gerais, possui outros diferenciais. Retratada na aldravia da poeta Andreia Donadon, “Mariana mar doce ar de montanhas”, ou nos bordados das acadêmicas da Academia Marianense de Bordado, a cidade é preservada e imortalizada por mãos e mentes de muitos artistas, escritores, poetas e artesãos.
Zelda Maia também revelou um momento muito especial da passagem do projeto por Mariana. “Antes de deixarmos a cidade, fomos recebidos pelas bordadeiras da Academia Marianense de Bordados que foram retratadas na pintura do muro. Foi uma verdadeira aula de educação patrimonial, um exemplo de pessoas que, com linhas e agulhas, bordam memórias e lutam com delicadeza para preservar o legado deixado pelas gerações passadas”, recorda.
Como foi a primeira fase
Na primeira fase, o Programa Educativo Iphan+80 movimentou sete cidades de Minas Gerais, promovendo o reconhecimento, a valorização e a preservação do patrimônio cultural. Em parceria com os artistas Chico Simões e Anna Göbel, envolveu as comunidades na pintura de murais inspirados na cultura local. Em Mariana, foram retratados o casario, as igrejas, o coreto da praça, as aldravias, os bordados da Academia Marianense de Bordado, o bloco Zé Pereira das Chácaras e outras manifestações culturais. O processo de pintura dos muros e o resultado em cada cidade podem ser vistos no site www.iphan80.com.br.
Segundo Amanda Salgado, arte educadora e produtora do Programa, uma situação marcou muito a intervenção artística em Mariana. "Quando a gente chegou lá encontramos uma escola de portas fechadas, com uma guarita. A gente vinha de outras cidades em que as escolas tinham os portões abertos. Ali, a princípio sentimos que os alunos estavam presos dentro da escola e que nós estávamos presos do lado de fora. Então, conversamos com a diretora e falamos sobre como é importante a participação dos colaboradores. Não só dos professores, mas também dos cantineiros, do pessoal da limpeza, das pessoas que também fazem a escola funcionar. A mobilização deu certo e levamos o pessoal da escola para fora. E foi um sucesso! Enquanto pintavam, as meninas da cantina dançaram e curtiram muito. Foi incrível! Surpreendeu muito a gente", relatou.
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