Dos 853 municípios mineiros, 188 não têm vereadoras, e em 333 apenas uma mulher tem mandato nas câmaras municipais. No Estado, apenas 64 cidades são administradas por mulheres e só em São Gotardo (Alto Paranaíba) a prefeita, Denise Abadia Pereira Oliveira, é negra. Já na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), composta por 34 municípios, apenas quatro mulheres, autodeclaradas brancas, exercem o cargo de prefeita.
Estes são alguns dos números apresentados na audiência pública realizada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na última nesta sexta-feira (24/05). Os dados demonstram como as mulheres são sub-representadas nos espaços políticos.
Os dados são do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher da Universidade Federal de Minas Gerais (Nepem/UFMG). A subcoordenadora do órgão, Alessandra Rodrigues Costa Fonseca, afirmou que a sub-representarão ocorre também nas candidaturas de mulheres para mandatos de vereadoras. Em todo o País, não ultrapassam os 30% obrigatórios pela cota exigida dos partidos. Mulheres indígenas são ainda mais prejudicadas. Nas últimas eleições municipais, apenas Belo Horizonte teve uma candidata da etnia, que não se elegeu.
Segundo a especialista, com a imposição das cotas de mulheres, houve aumento de candidaturas femininas, entre 2002 e 2022, mas isso não se converteu em mulheres eleitas na mesma proporção. “Precisamos ter uma rede organizada de mulheres para apoiar todo o processo eleitoral, desde as candidaturas, durante o mandato e no enfrentamento à violência política”, sugeriu Alessandra.
Uma das causas dos baixos índices de eleição seria a falta de investimentos dos próprios partidos em candidatas. Ana Paula Siqueira denunciou que as legendas são obrigadas a destinar recursos para as candidaturas femininas, mas não fazem a distribuição para todas que se colocam para o pleito, dificultando a eleição. Ela também lamentou a prática de mulheres que se apresentam apenas para cumprir a cota, sem efetivamente participar da disputa eleitoral. “Tem que participar e competir”, defendeu.
A presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Ana Jade Beatriz Martins, sugeriu incentivar a eleição de mulheres jovens. “A candidatura é muito necessária, mas eleger é mais necessário ainda”, declarou.
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