Evento no Hemocentro de Belo Horizonte visa informar e orientar pacientes e público em geral sobre a doença, uma vez que Minas Gerais é o terceiro estado brasileiro em número de portadores acometidos pelo mal.
Reunindo pacientes, seus familiares, além de servidores de todas as áreas que trabalham no ambulatório do Hemocentro de Belo Horizonte (HBH), entre outros, a celebração do Dia Mundial de Conscientização sobre Doença Falciforme, nesta segunda-feira, (19/06), foi regada a muita animação.
Sob a organização da equipe multidisciplinar do Hemocentro, pacientes de todas as idades e demais participantes receberam informações sobre a doença e se entrosaram com as atividades programadas: crianças se divertiram com brincadeiras como pescaria e boca de palhaço; os adultos, com a realização de oficinas de turbantes e danças, culminando com a apresentação da banda Fator VIII, formada por pacientes hemofílicos e médicos do HBH.
Márcia Brum, por exemplo, professora de grupos de dança para a terceira idade, foi a responsável pela dinâmica Dança Circular. “É preciso trazer alegria e movimento às pessoas, divulgar a música de raiz, a riqueza de nosso folclore”, defende ela. Durante todo o evento – realizado no período das 9h às 12h, os presentes também se fartaram com o cardápio junino oferecido e outros alimentos.
Instituída pela Organização das Nações Unidas, em 2008, a data visa chamar a atenção para a doença, que é genética, hereditária e caracterizada por alterações no sangue: os glóbulos vermelhos se tornam rígidos, assumem formato de foice, dificultando a passagem de oxigênio para o cérebro, pulmões, rins e outros órgãos.
Divulgar para educar
Em Minas Gerais, a Hemominas é responsável pelo atendimento a cerca de oito mil pacientes com hemoglobinopatias, em sua maior parte portadores da doença falciforme.
Conforme explica a responsável técnica do ambulatório do HBH, a hematologista Denise Zouain, eventos como o de hoje e outras ações similares são fundamentais para que a sociedade, de modo geral, conheça e se oriente melhor sobre a doença. “É importante reconhecer os sinais e sintomas para uma melhor atenção aos portadores para beneficiar sua qualidade de vida. Nesse sentido, parcerias com órgãos como a Dreminas são valiosas: o empenho do órgão, representada pela presidente Maria Zenó, se reflete na busca de perspectivas e políticas que influam num tratamento mais abrangente e nas condições de atendimento”, considera.
Referindo-se aos cuidados que os pacientes devem observar, Zouain lembra: “É fundamental que os pacientes compareçam regularmente às consultas, se hidratem com frequência, evitem temperaturas muito baixas e a automedicação. Outro cuidado é que eles se previnam quanto a feridas na pele - úlceras - que podem ser provocadas até por picadas de mosquitos”. Nesse particular, ela informou que o HBH está recrutando alguns pacientes com ocorrência de úlceras para participar de pesquisas para testagem de novos medicamentos, em parceria com o Hospital das Clínicas. A hematologista informou ainda que um total de 20 pacientes falciformes já foram encaminhados ao HC para transplante.
Membros do Conselho Distrital de Saúde Noroeste (Codisano) também estiveram presentes a convite da conselheira de saúde Rosemary Graça, também representante da Dreminas, e mãe da paciente Nathália (31 anos). “Trouxe o pessoal da Codisano como forma de ampliar e compartilhar mais informações sobre a doença e a importância da doação de sangue; a Hemominas é minha casa – ela abraça o paciente e sua família”, emociona-se. O Conselho abrange o Hospital Odilon Behrens, ao qual o HBH encaminha pacientes falciformes com intercorrências e gestantes.
Teste do pezinho em Minas: 25 anos
Minas foi o primeiro estado a implantar a testagem para anemia falciforme no exame de triagem neonatal, conhecido como teste do pezinho: desde 1998, ele é oferecido gratuitamente à população dos 853 municípios mineiros, sob a gestão da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e execução técnica do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG – Nupad. No restante do país, foi implantado em 2005 pelo Ministério da Saúde.
Anemia falciforme é um tipo de hemoglobinopatia, caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os parecidos com uma foice, daí o nome falciforme. Essas células têm sua membrana alterada e rompem-se mais facilmente, causando anemia. A hemoglobina, que transporta o oxigênio e dá a cor aos glóbulos vermelhos, é essencial para a saúde de todos os órgãos do corpo. Essa condição é mais comum em indivíduos da raça negra.
A enfermidade não tem cura e pode provocar o comprometimento das principais funções do organismo, caso o portador não receba a assistência adequada. Entre as complicações da doença não tratada estão a anemia crônica, crises dolorosas associadas ou não a infecções, retardo do crescimento, infecções e infartos pulmonares, retardo no crescimento, acidente vascular cerebral, inflamações e úlceras.
Entre os principais sintomas da doença, estão: crises de dor, síndrome mão-pé, infecções, úlceras, sequestro do sangue no baço. A detecção é feita através do exame eletroforese de hemoglobina.
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