A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) finalizou em maio o primeiro Ciclo de Formação da Terceira Onda de Expansão do Projeto Saúde em Rede. No estado, 851 municípios aderiram à iniciativa do Governo de Minas, que investiu R$ 105 milhões em incentivos financeiros para os territórios que apoiam o projeto. O valor do recurso variou de acordo com fatores socioeconômicos.
O Saúde em Rede é um projeto de educação permanente que tem como objetivo estruturar e integrar as ações de saúde realizadas na Atenção Primária com as ações realizadas na Atenção Especializada. Na prática, essa integração entre os diferentes níveis de atenção possibilita que o usuário seja melhor assistido, porque permite compreender a condição de saúde da pessoa de forma integral.
“Uma equipe multiprofissional é envolvida no processo de acolhimento e atendimento do paciente, sendo que o plano de cuidado se torna compartilhado entre a Unidade Básica de Saúde e a atenção especializada. Assim, a condição de saúde de cada usuário pode ser conhecida pelos profissionais que o atendem em cada serviço de saúde”, explicou Raquel Guieiro, coordenadora do Saúde em Rede.
O acolhimento e o manejo clínico do paciente, quando realizado de forma integral, é uma estratégia capaz de evitar o agravamento de sua situação de saúde e, até mesmo, internações desnecessárias.
Implantação
O projeto teve início em 2019 em uma etapa piloto desenvolvida nos 31 municípios da macrorregião Jequitinhonha. Em seguida, a implantação foi dividida em três ondas de expansão. A primeira contou com a adesão de 142 municípios e ocorreu entre maio de 2021 a maio de 2022.
Na segunda onda, que foi de novembro de 2021 a novembro de 2022, 286 municípios aderiram. Já a terceira, finalizada no mês de maio, começou em novembro de 2022, e contou com a adesão de 392 territórios.
Ciclos de formação
Baseando-se em diretrizes clínicas, de acordo com o Modelo de Atenção às Condições Crônicas, o projeto reúne um conjunto de ações educacionais, voltadas para o desenvolvimento de competências de conhecimento, habilidades e atitudes necessárias para a organização e qualificação dos processos assistenciais.
Os municípios que aderiram ao projeto assinaram um termo de compromisso e, em seguida, indicaram os tutores, que são os profissionais responsáveis por aprender os novos processos de trabalho e suas tecnologias. Assim que iniciam a formação, os tutores municipais multiplicam esses conhecimentos entre os profissionais que atuam nos setores de saúde dos seus municípios.
“O método permite melhorar o trabalho tanto nas unidades básicas quanto nas unidades de atendimento ambulatorial especializado”, disse Raquel.
A metodologia de formação dos tutores foi dividida em nove ciclos de formação. A SES desenvolve os conteúdos para os tutores, discutindo os processos de trabalho dentro da rede por meio de oficinas, dinâmicas e vídeos. Atualmente, o foco de atuação do projeto são as linhas de cuidado materno infantil e hipertensão e diabetes.
Os ciclos de formação buscam instruir os tutores para serem os multiplicadores dos conhecimentos nos seus municípios. São os tutores que vão atuar nas unidades da rede de saúde, compartilhando o aprendizado com os outros profissionais que atuam no território.
Segundo Marianne Sardenberg, analista central do Saúde em Rede, os processos de trabalho não mudam facilmente e, por isso, o processo prioriza uma educação continuada. “É necessário mudar toda a cultura de trabalho. Para isso, é fundamental que os profissionais de saúde entendam a importância de desenvolver suas atividades assistenciais embasadas em compartilhamentos de cuidado dentro da rede de saúde como um todo”, disse.
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