Gerontóloga explica particularidades do transtorno nessa faixa etária.
Nem sempre uma pessoa com depressão reconhece que precisa de ajuda. Essa situação pode ser ainda mais comum em pacientes idosos, quando o transtorno se manifesta principalmente de forma subsindrômicas, ou seja, com sintomas menos evidentes.
Por isso, é importante que familiares e amigos mantenham contato constantemente, façam visitas e observem seu humor, explica Thais Bento Lima, gerontóloga, pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e professora do curso de pós-graduação em gerontologia da USP.
"É preciso mostrar ao idoso que ele é amado e valorizado. As pessoas próximas podem ajudá-lo a encontrar sentido nas experiências e a resgatar a confiança na sua própria identidade social e história de vida", diz Thais.
Uma forma de ajudar é orientar o idoso a procurar auxílio de profissionais e de serviços especializados. Nessas situações, muitas vezes é necessário não apenas acompanhá-lo a consultas médicas, mas também a agendar as datas.
Sinais de desânimo, desinteresse por atividades que antes davam prazer, conversar menos, falta de apetite e ter menos iniciativa para fazer tarefas rotineiras devem acender um alerta nos familiares.
"Se houver prejuízos na qualidade de vida, busque ajuda médica especializada, como psicogeriatras, geriatras, psiquiatras e neurologistas", recomenda Thais.
A gerontóloga ressalta que os médicos devem pedir exames para que sejam descartados outros quadros clínicos que podem causar sintomas depressivos, como demências, doenças cardiovasculares, hipertensão e diabetes.
"Os idosos podem ou não aderir adequadamente aos tratamentos recomendados devido ao perfil cognitivo, comorbidades e problemas relacionados com o gerenciamento de polifarmácia. Para facilitar esta adesão, os objetivos terapêuticos devem ser pactuados com o próprio idoso e deve-se contar com o envolvimento de membros da família ou cuidadores. Em geral, os objetivos são o bem-estar, a melhoria no status da funcionalidade e a retomada de papéis sociais e familiares", observa.
A especialista destaca que o tratamento da depressão é interprofissional e multidisciplinar. "Envolve o tratamento farmacológico combinado ao tratamento não farmacológico, como a prática de exercícios físicos, uma alimentação balanceada e a prática de exercícios cognitivos, que têm um impacto positivo no humor e na melhora da qualidade de vida. Há evidências de que essas atividades sejam eficazes no tratamento da pessoa idosa deprimida, melhorando também as suas funções físicas e mentais e consequentemente, sua qualidade de vida."
Mas, mesmo com o tratamento adequado, é essencial que os familiares acompanhem de perto o idoso para que ele se sinta menos sozinho e encontre um novo significado de vida. "Uma das principais causas de depressão na pessoa idosa é a solidão e, relacionado a isso, ter uma rede de suporte social fragilizada e pequena", diz.
É muito importante saber ouvir a pessoa, dar uma atenção diferenciada. Manter algum tipo de contato como fazer visitas, realizar ligações telefônicas e/ou chamadas de vídeos, que possa fazer com que a pessoa idosa, reduza a sensação de solidão e busque um novo significado de vida; a participação da família e amigos é de suma importância para auxiliar no bem-estar psicológico da pessoa idosa. Pois uma das principais causas de depressão na pessoa idosa é a solidão e relacionado a isso ter uma rede de suporte social fragilizada, e pequena.
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