O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apelou aos caminhoneiros para que não façam a greve, que está prevista para esta segunda-feira (1º).
"Reconhecemos o valor dos caminhoneiros para a economia do Brasil. Apelamos para eles que não façam greve, que todos nós vamos perder. Todos, sem exceção. Agora, a solução não é fácil. Estamos buscando uma maneira de não ter mais este reajuste", afirmou Bolsonaro ao sair do Ministério da Economia nesta quarta-feira (27).
Bolsonaro também usou a pandemia de Covid-19 como argumento para que não haja paralisação.
"Você vai causar um transtorno na questão da economia. Estamos vivendo uma época de pandemia. Olha o que nós passamos no ano passado, estamos passando ainda", afirmou.
A Petrobras aumentou o preço médio do diesel nas refinarias em 4,4% nesta terça-feira (26). A CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), que até a semana passada minimizava as chances de uma greve nacional de caminhoneiros, mudou de tom em relação à paralização.
Na terça, a confederação disse ter sido informada de que o Ministério da Economia neutralizaria o efeito do aumento do diesel nas bombas através da redução do PIS/Cofins. A pasta não havia confirmado a informação, mas Bolsonaro disse que a medida está em estudo, embora sem uma data para resposta.
"Estamos tratando. A Petrobras segue uma planilha, tem a ver com o preço do petróleo lá fora, tem a ver também com variação do dólar – na terça-feira foi uma boa notícia, o dólar baixou R$ 0,20. Estamos estudando medidas", afirmou.
"Agora, não tenho como dar uma resposta de como diminuir o impacto que, na verdade, foram R$ 0,09 no preço do diesel. Mas, para cada centavo no preço do diesel, que porventura nós queremos diminuir, no caso, PIS/Cofins, equivale buscarmos em outro local R$ 800 milhões. Então, não é uma conta fácil de ser feita", disse Bolsonaro.
Bolsonaro também instou os governadores a reduzirem o ICMS, imposto estadual.
"Os impostos federais, eu estou pronto para zerar, a gente vai para o sacrifício, mas gostaria que o ICMS acompanhasse também esta diminuição", afirmou, acompanhado de dois de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Jair Renan, que não tem cargo oficial no governo.
Bolsonaro também criticou o governo de São Paulo e a prefeitura de Belo Horizonte por terem endurecido as restrições por causa da pandemia de Covid-19.
O presidente foi ao Ministério da Economia acompanhado de Paulo Solmucci, presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes).
De acordo com Solmucci, uma das demandas apresentadas ao governo foi a prorrogação da carência para pagar os empréstimos no âmbito do Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), criado em meio à pandemia.
"Pedimos ajuda com a questão do Simples, porque as empresas não estão conseguindo pagar, podem ser desenquadradas e cair em uma situação tributária ainda pior. Pedimos uma questão de revisão do BEM, que é aquela medida que nos permite reduzir jornada e suspender contrato. Porque, se nós estamos de portas fechadas, como é que nós vamos garantir empregos se não há como pagá-los?", disse o presidente da Abrasel.
Bolsonaro disse que as medidas serão estudadas e anunciadas em até 15 dias.
"Por que tem um estado, que ao fechar tudo a partir das 20h, sábado e domingo também, atinge diretamente o coração de garçons, donos de bares, donos de eventos. Bem como o mesmo problema está acontecendo na capital BH", disse Bolsonaro com críticas ao governo de São Paulo e à prefeitura de Belo Horizonte.
"Eu apelo a todo chefe de governo, estado, município que não vão para um lockdown porque também atrapalha e o Brasil não tem para onde correr mais. Nossa dívida interna está na casa dos R$ 5 trilhões. Nossa capacidade de endividamento tem um limite. E nós temos que botar a economia para funcionar", afirmou o presidente.
A entrevista na porta do Ministério da Economia foi encerrada pelo presidente quando um repórter começou a perguntar sobre o inquérito que tem como alvo a condução do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, na crise de falta de oxigênio em Manaus (AM).
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