Após seis meses fechado para obras estruturais e estéticas, o Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, reabriu suas portas ao público na quarta-feira (30/07). A cerimônia marcou a entrega das intervenções no prédio histórico que, em 2024, já havia recebido mais de 340 mil visitantes. As melhorias, financiadas com cerca de R$ 2,6 milhões provenientes do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), visam garantir a preservação do acervo e o acesso seguro da população ao espaço.
Durante o evento, o diretor do museu, Alex Calheiros, ressaltou o papel fundamental do MPMG na realização das obras: “O Ministério Público de Minas Gerais salvou o museu”. A revitalização foi viabilizada com recursos de reparação de danos a interesses coletivos, captados pela Plataforma Semente, no âmbito do “Programa Minas para Sempre”. O valor foi indicado pelo Centro de Apoio Operacional da Ordem Econômica e Tributária (CAO-ET) do MPMG.
As intervenções incluíram a reforma das instalações elétricas, pintura, revisão do sistema de combate a incêndio e pânico e limpeza detalhada das cantarias — blocos de quartzito que exigiram tratamento manual com escovas de dente, devido à sua fragilidade.
A solenidade de reabertura contou com a presença de diversas autoridades, como o procurador-geral de Justiça, Paulo de Tarso Morais Filho, o prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo, representantes do Iphan e do Iepha, além de promotores, coordenadores e servidores do MPMG e do museu.
Em discurso, Paulo de Tarso destacou que a atuação do MPMG vai além dos tribunais: “A nossa atuação nesse cenário de reconstrução da história é fundamental como garantia de cidadania para a população. Incumbe ao Ministério Público zelar pelo patrimônio histórico e cultural”. Ele também reconheceu a importância dos promotores Carlos Eduardo Ferreira Pinto e William Garcia Pinto Coelho na formalização dos acordos que viabilizaram as obras.
Para o promotor Marcelo Maffra, o espaço do museu representa uma profunda transformação simbólica: “O edifício que foi palco de tanta opressão tornou-se guardião da memória de um dos mais importantes movimentos libertários, a Inconfidência Mineira [...] O museu é uma plataforma viva de experimentação social que nos eleva à condição de agentes ativos na construção de novos significados”.
O diretor do museu também enfatizou o papel do espaço na preservação e difusão da história política do país. Um dos destaques do acervo é o chamado "Livro do Tiradentes", uma coletânea das leis constitucionais dos Estados Unidos, que inspirava os inconfidentes e era proibida na época. A peça está sendo submetida a um exame grafológico pela Polícia Federal para verificar anotações feitas por Joaquim José da Silva Xavier.
Outro atrativo do museu é o acervo dedicado ao Barroco mineiro e à produção artística dos séculos 18 e 19, com destaque para a maior coleção reunida de obras do mestre Aleijadinho, incluindo duas esculturas recentemente recuperadas pelo MPMG: Cabeça de Anjo com Fita Falante e Samaritana.
Com a reabertura, o Museu da Inconfidência reafirma seu papel como referência nacional na preservação da memória e do patrimônio cultural brasileiro, oferecendo ao público um espaço renovado, acessível e carregado de significado histórico.
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