Entre os dias 30 de abril e 3 de maio, aconteceu o 6º Encontro dos Movimentos Sociais mineiros em Belo Horizonte. De acordo com os organizadores, o evento recebeu representantes de 100 organizações, vindos de 143 cidades, e 2 mil pessoas. O destaque ficou por conta de dois atos, realizados na sexta (1) e no domingo (3).
A abertura do 6º Encontro contou com uma palestra sobre o Projeto de Lei 4330 e as terceirizações de empregos, realizada pela OAB e CUT/MG. O debate lotou o auditório da Faculdade de Direito da UFMG e teve presenças importantes de estudantes de direito, juristas e interessados.
A marcha no Dia do Trabalhador, que deu sequência à programação, saiu da Praça Afonso Arinos às 10h. O protesto realizou intervenções no banco HSBC e no Banco Central, além de fazer a queima de uma TV em descomemoração aos 50 anos da Rede Globo de Televisão. O trajeto terminou na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, onde aconteceram atividades até o domingo (3).
Beatriz Cerqueira, presidente da CUT/MG e do SindUte, afirma que as expectativas da articulação Quem Luta Educa foram superadas. “O Encontro superou tudo que nós esperávamos em termos de quantidade e de envolvimento. A presença massiva, consciente, disciplinada das organizações mostra que estamos dispostos a fazer as grandes lutas que o nosso estado e o Brasil precisam”.
Para Joceli Andrioli, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o 6º Encontro representa um marco. "Os conservadores no Brasil avançam, se organizam, vão às ruas e fazem os piores ataques aos direitos dos trabalhadores desde a ditadura militar. Não há mais chance para conciliação de classe,” afirma.
Além das discussões, o 6º Encontro produziu um calendário de ações para 2015, que os movimentos pretendem cumprir de forma conjunta. As principais campanhas marcadas são sobre o piso salarial dos professores da rede pública e pela redução das tarifas de energia, água e transporte.
Programação diferenciada
Motivados pelo tema “O Povo tem Pressa do Projeto Popular”, os presentes participaram de grupos de debate durante os três dias. O objetivo foi: analisar a conjuntura política, definir as pautas para o próximo período e elaborar métodos para fortalecer a união entre as organizações sociais.
Segundo Frederico Santana, sociólogo e um dos organizadores do Encontro, a novidade deste ano foi a programação "dinâmica", com oficinas e inúmeros momentos de discussão. "A metodologia proporcionou uma leveza ao encontro e as pessoas ficaram muito atentas, participativas", afirma. Ele destaca, ainda, o grande número de organizações representadas, que totalizaram mais de 100.
As noites de sexta (1) e sábado (2) foram embaladas pelas atrações culturais. Pereira da Viola, Andreia Roseno, Kadu dos Anjos, Bárbara Sweet, Djambê foram alguns dos artistas que se apresentaram voluntariamente no palco do evento. E, na sexta, os dançarinos de soul colocaram centenas de jovens para requebrar.
Atenção às mulheres
As mulheres presentes tiveram programação voltada a elas e a algumas de suas necessidades. A atividade chamada "Ciranda" reuniu jovens que cuidaram das crianças durante todo o evento. Possibilitando que mães e pais não perdessem os momentos do Encontro.
No último dia (3), aconteceu a muito esperada Plenária de Mulheres, com o tema "Luta, história e vida das mulheres negras". Depoimentos sobre a violência contra a mulher, a invisibilidade e os obstáculos na política foram trazidos por camponesas, estudantes e trabalhadoras da cidade.
"Nesse debate, a gente conseguiu ver mais claramente o quanto a mulher negra é oprimida na sociedade", conta Bernadete Monteiro, que é enfermeira e integrante da Marcha Mundial das Mulheres. Ativistas de todo o estado se comprometeram a participar da Marcha das Mulheres Negras, que acontecerá em Belo Horizonte em 13 de maio.
Ato do 1° de maio em BH abre 6° Encontro Mineiro dos Movimentos sociais. Cerca de 2000 manifestantes levantando bandeira contra o PL 4330, contra o ajuste fiscal e para uma reforma política democrática com Constituinte.