Vovós são mesmo demais. Além de cozinhar melhor do que muitos chefs, elas não fazem menos do que salvar vidas, ao ajudar no atendimento a pacientes com depressão, no Zimbábue. Com 16 milhões de pessoas e apenas 12 psiquiatras, o país precisava urgentemente de um reforço para trabalhar a saúde mental de seus habitantes.
Assim como animais de estimação, cogumelos alucinógenos e exercícios de fortalecimento, as velhinhas acharam sua maneira de ajudar quem sofre com a doença. Através de um programa em que recebiam treinamento sobre técnicas de terapia com evidências científicas, mais de 400 vovós foram capacitadas para trabalhar no auxílio a pessoas com depressão, desde 2006. Hoje, elas atuam gratuitamente em mais de 70 comunidades do Zimbábue.
Um projeto tão grande teve início com apenas uma pessoa: o psiquiatra zimbabuano Dixon Chibanda, único médico da especialidade a trabalhar no sistema de saúde público do país. Ao buscar mais recursos, ele se deparou com o fato de que toda a equipe disponível estava ocupada com problemas como o HIV e cuidados maternais e infantis. Foi aí que veio o estalo de chamar as avós como voluntárias para o trabalho.
Grupo de mulheres costura em um banco em frente a uma construção de tijolos à vista
Para se aproximar da comunidade local, onde a saúde mental ainda não é um tema recorrente, o médico contou com o auxílio das avós, que adaptaram os termos usados na Europa e Américas para questões já enraizadas na cultura local. Assim, a terapia passou a falar sobre abrir a mente, fortalecer e animar o espírito, como conta a reportagem da BBC.
O programa recebeu o nome de Banco da Amizade e, em 2017, atendeu mais de 30 mil pessoas. As intervenções duram seis sessões, com duração aproximada de 40 minutos – exceto a primeira visita ao banco, que demora em média uma hora.
Em 2016, um estudo realizado em colaboração com médicos do Zimbábue e do Reino Unido comprovou a eficácia do método. Com o sucesso da iniciativa, o programa foi expandido para outros países, incluindo os Estados Unidos, Malawi e Zanzibar.
FONTE: R7