Pode-se dizer que Travis Kalanick é um símbolo do ideal da “meritocracia”. Criado em uma família de classe média nos subúrbios de Los Angeles, Kalanick passou de um estudante desistente da UCLA a um dos maiores bilionários do mundo (com um valor estimado de U$ 5,5 bilhões) por criar um aplicativo que revolucionou o mercado de transportes urbanos.
Um dos responsáveis por fundar a Uber em 2009, Kalanick renunciou de sua posição de CEO em 2017 devido a uma série de escândalos que envolveram discriminação por gênero e assédio sexual na empresa. Mas, ainda que já não tenha mais nenhuma relação com a startup que fundou, os 7% das ações da Uber que ele ainda retém são suficientes para torná-lo um dos homens mais ricos do mundo, de acordo com a Bloomberg.
A trajetória de Kalanick no mundo da tecnologia iniciou-se em 1998, quando Kalanick ajudou a criar o Scour, uma ferramenta de busca P2P que pode ser considerado como um dos precursores do compartilhamento de torrents como existente hoje. A empresa funcionou até 2000, quando um processo no valor de U$ 250 milhões da Motion Picture Association of America obrigou a empresa a entrar com um pedido de falência.
Não se dando por vencido, Kalanick fundou no mesmo ano a Red Swoosh, um serviço de compartilhamento em P2P de vídeos e arquivos de áudio. Sem ser processado pelas produtoras de filmes dessa vez, a startup prosperou e, em 2007, Kalanick vendeu a empresa para a Akamai Technologies por U$ 23 milhões, entrando pela primeira vez no clube dos milionários.
E foi curtindo a vida de milionário que ele teve a ideia do app pelo qual ficaria conhecido: ao gastar U$ 800 dólares para contratar um motorista particular durante o ano novo em Nova York, ele começou a imaginar se não havia como criar um método de contratar o mesmo serviço mas por um preço bem mais em conta.
Quase uma década depois, a Uber hoje é uma das principais startups do mundo, com valor avaliado em U$ 76 bilhões, mas que não conta mais com a presença do visionário responsável por criá-la.
Mas o magnata da tecnologia não ficou muito tempo de férias. Em março deste ano, Kalanick comprou por U$ 150 milhões a City Storage Systems, uma startup de Los Angeles especializada em comprar imóveis e terrenos abandonados e torná-los em locais atrativos para a instalação de indústrias. Além de prontamente assumir a posição de CEO da empresa, Kalanick também aproveitou o momento para criar o 10100, fundo de investimentos dedicado a bancar negócios promissores nas áreas de e-commerce e projetos imobiliários nos Estados Unidos, assim como startups emergentes na Índia e na China.
Quando anunciou sua nova função como CEO da City Storage Systems e a criação do fundo 10100, Kalanick revelou que o seu principal objetivo com as novas empreitadas era a criação de novos postos de trabalhos. Mas, ainda que seja um discurso aparentemente positivo, o jornal LA Times acredita que é preciso dar maior atenção ao tipo de posto de trabalho que será criado, lembrando que o histórico do bilionário não é dos melhores, já que a Uber contrata motoristas sem nenhum tipo de vínculo empregatício (o que não lhes garante nenhuma estabilidade ou auxílio em razão de doenças ou acidentes) e que os planos da empresa para um futuro próximo são de acabar com esses motoristas e manter uma frota exclusiva de veículos autônomos.
Ao contrário da maioria dos bilionários do Vale do Silício, Kalanick não tem interesse em fazer doações para a caridade, mas não vê problemas em utilizar seus negócios para ajudar os que mais precisam, como a criação de programas da Uber que levam presentes de Natal para crianças carentes e suprimentos para os refugiados na Síria.
Além das empresas, pouco se sabe sobre o modo como Kalanick utiliza seu patrimônio. Bastante discreto, o bilionário não é afeito a ostentações ou coisas do tipo, e as únicas informações públicas sobre a utilização do dinheiro é que, além de viajar bastante pelo mundo, Kalanick comprou a cobertura de um prédio de apartamentos de luxo que está sendo construído em Nova York, na região do SoHo, por pouco mais de U$ 36 milhões, e possui na garagem um BMW M3 (com o alternador quebrado, o que explica por que ele precisava contratar motoristas particulares), fabricado em 1999, que hoje possui um valor médio de venda de U$ 25 mil.
FONTE : YAHOO