Abertura da festa acontece na praça Castro Alves, Ivete Sangalo, Carlinhos Brown e Ilê Aiyê, que completa 50 anos são atrações confirmadas.
O centro de Salvador será o coração da festa em 8 de fevereiro, abertura oficial do Carnaval. Nas primeiras horas da tarde, foliões virão das ruas Chile, Carlos Gomes, avenida Sete e ladeira da Montanha, vias históricas que serão como artérias que pulsam em direção à praça Castro Alves.
De um lado da praça, estarão as estátuas de Dodô e Osmar, inventores do trio elétrico e de Gregório de Matos, o boca do inferno. Do outro, o busto de Castro Alves, poeta dos escravos, com sua mão espalmada. Em todos os lados, estará a memória de Moraes Moreira, símbolo daquele pedaço da cidade.
O pôr do sol vai emoldurar o horizonte quando Ivete Sangalo, BaianaSystem, Carlinhos Brown e Ilê Aiyê darão início ao Carnaval de um jeito que ele costumava terminar: com um encontro de trios elétricos.
Em 2024, Salvador vai reverenciar suas tradições. A cidade vai celebrar os 50 anos do Ilê Aiyê, primeiro e mais importante bloco afro da capital baiana, símbolo de resistência na cultura e na política.
Os Commanches do Pelô também completam meio século de avenida, o Olodum faz 45. Daniela Mercury rememora 40 anos de carreira no mesmo ano em que os foliões recordam os 30 anos da canção de Tonho Matéria que foi sucesso seminal do pagodão baiano.
A expectativa é de ruas lotadas, representando o ápice de um verão que já é um dos mais movimentados dos últimos anos e que deve atrair aproximadamente 800 mil turistas, injetando cerca de R$ 2 bilhões na economia da cidade.
Oficialmente, o Carnaval começa em 8 de fevereiro e se estende por sete dias até a Quarta-Feira de Cinzas. Na prática, contudo, uma conurbação de datas festivas resultará em um calendário com festas de rua entre 1º e 14 de fevereiro.
A festa antecipada começa no primeiro dia do mês, com a Lavagem de Itapuã, e prossegue com a Festa de Iemanjá, que desde o raiar do dia tomará as ruas do Rio Vermelho em 2 de fevereiro, saudando a rainha dos mares.
No fim de semana anterior ao Carnaval, os bairros de Ondina e Barra serão palco dos desfiles pré-carnavalescos Fuzuê e Furdunço.
No sábado (03/02), as ruas abrirão alas para grupos culturais e folclóricos de Salvador, Recôncavo e Baixo-sul, dentre eles as Caretas de Cairu, a Chegança dos Marujos, a Barquinha de Bom Jesus dos Pobres e o grupo cultural Zambiapunga.
No dia seguinte, será a vez do Furdunço com o desfile de minitrios. Participam bandas como Olodum, Psirico, Jammil e o cantor Gerônimo, mas o ponto alto é a já tradicional apresentação da BaianaSystem, um dos desfiles mais concorridos do período festivo em Salvador.
No domingo (04/02), o centro protagoniza o Banho de Mar à Fantasia, que percorrerá as ruas do centro antigo da cidade até a Praia da Preguiça.
A Melhor Segunda-Feira do Mundo, ensaio liderado por Xanddy Harmonia, toma a avenida no dia seguinte. Na terça, será o dia de Leo Santana comandar um trio elétrico no mesmo trajeto com o seu Pipoco. Na quarta, saem os trios e entram as bandas de fanfarra. E a festa oficial ainda nem começou.
A partir da abertura, na quinta, com a entrega simbólica das chaves da cidade para o Rei Momo, o Carnaval se espalha pelos circuitos Barra-Ondina, Campo Grande, Pelourinho e Nordeste de Amaralina, além de shows espalhados por diversos bairros da cidade.
Este ano, a homenagem à cultura afro-brasileira dará o tom da festa e estará presente nos desfiles e na decoração dos circuitos. O governo do estado celebra os 50 anos dos blocos afro com o tema Nossa Energia É Ancestral. A prefeitura, por sua vez, escolheu como tema Salvador Capital Afro.
"Estou muito feliz porque finalmente Salvador está assumindo a sua cara preta. É muito bonito dizer que aqui é a Roma Negra, mas chegar nos eventos e parecer que estamos em uma cidade europeia. O bloco afro não é só Carnaval", afirmou Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, presidente do Ilê Aiyê.
No sábado de Carnaval, a saída do Ilê no Curuzu, bairro da liberdade, promete ser um dos pontos altos da festa. Outros blocos como o Cortejo Afro, Didá, Muzenza, Malê Debalê e o afoxé Filhos de Gandhy também ganham as ruas nos circuitos do Campo Grande e Barra-Ondina.
Ao todo, serão 700 atrações nos circuitos oficiais da festa e mais 400 apresentações em palcos nos bairros. Um dos destaques será o retorno de Gilberto Gil aos trios elétricos. O ex-ministro da Cultura conduzirá um desfile junto com a atual ministra da pasta, Margareth Menezes, e o cantor Chico César, que foi secretário de Cultura na Paraíba. A iniciativa foi batizada de Trio da Cultura.
Artistas como Daniela Mercury, Ludmilla, Carlinhos Brown, Durval Lelys, Saulo, Luiz Caldas, Armandinho Baby do Brasil e bandas como Timbalada e Araketu também desfilam sem cordas e abadás nos principais circuitos da cidade.
A praça Castro Alves, coração da festa, terá show de Pitty e uma apresentação conjunta de Davi Moraes e Pepeu Gomes no pôr do sol.
A festa encerra na quarta-feira (14/02) com desfiles de Bell Marques e Carlinhos Brown. Idealizador do arrastão na Quarta-Feira de Cinzas, Brown pretende unir integrantes do Ilê Aiyê, Olodum e Apaches do Tororó junto a 500 percussionistas para celebrar a cultura afro-baiana.
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