O governador Romeu Zema recebeu, na última segunda-feira (04/09), na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, alguns empreendedores mineiros selecionados para participar da Expo Favela Innovation. Durante o encontro, foram apresentados projetos inovadores realizados por empreendedores da periferia de Belo Horizonte e de outras cidades do estado, prontos para exposição nos dias 15 e 16/09, na capital mineira.
“É muito bom estar aqui. O meu governo tem como grande bandeira a criação de empregos, de oportunidades para o mineiro. Eu sou um gestor de chão de fábrica, não gosto de ficar dentro de gabinete. Gestão, na minha opinião, que dá certo, é aquela em que você está junto. Olhar no olho faz parte, e eu acho que é o que nós estamos fazendo aqui hoje”, destacou o governador na abertura do evento.
A diretora do Expo Favela em Minas, Marciele Delduque, abriu as apresentações destacando a força e a potência dos moradores de favelas. Segundo ela, Minas Gerais conta com quase 2 milhões de empreendedores e cerca de 1.250 startups que movimentam mais de R$ 84 bilhões anualmente. Parte desses números estão concentrados nas favelas e periferias do estado, só em BH e grande BH são mais de 732 favelas, aglomerados e quilombos que fazem parte da economia de Minas.
“Estar aqui, hoje, é histórico. Faz com que a gente ganhe um novo gás, mostrando que é possível, não só as ações que a gente faz fortalecendo o território de favela, mas demonstra também que o Governo de Minas entende e reconhece a importância que esses empreendedores já vem fazendo em seu território. E chegando aqui, nós sabemos que isso é amplificado para todo estado”, ressaltou Marciele. “A Expo Favela chega a Minas com um olhar de ressignificar nossa economia mineira. O evento vem para selar essa potência e trazer visibilidade aos empreendedores que já impactam a economia local. A Expo vem para fortalecer, para ratificar esse lugar empreendedor que é a favela, é pulsante e, sobretudo, é potente”, acrescentou.
Potencial em foco
A Expo Favela Minas é a primeira edição de uma feira de negócios que tem como objetivo promover o encontro entre empreendedores de favelas e investidores, para que possam acelerar esses empreendimentos. A organização do evento é da Favela Holding, empresa de Celso Athayde, fundador da Central Única das Favelas (Cufa).
“É um estado em que a periferia é muito forte, muito pulsante, existe uma cultura importante. Então, a gente espera uma adesão bastante significativa. Mas, como é só o primeiro ano, temos alguns desafios: explicar e comunicar bem para esses empreendedores, para esses moradores de periferia, o que é a Expo e qual é o grande objetivo dela”, explicou Celso Athayde.
Ex-morador de rua e de uma favela carioca, Athayde virou empresário e ativista social. Com sua experiência, destacou importância de se reverter o consumo dos moradores das favelas em renda para os empreendimentos da periferia. “A gente quer formar esses empreendedores, aumentar o grau de exigência desses consumidores, e fazer com que o dinheiro que circula no país também seja represado nas favelas, se não as favelas acabam sendo apenas espaço de consumo. Nós não queremos apenas que as pessoas que moram em favela consumam; queremos que elas façam gestão daquilo que eles também consomem”, enfatizou.
Celso também falou sobre a relevância de se poder contar com o apoio do Governo de Minas na primeira edição da Expo Favela no estado. “Quando a gente faz alguma iniciativa de empreendedorismo na base da pirâmide, se a gente não puder contar com o poder público, de nada vai adiantar, porque as portas e as alternativas precisam ser construídas, precisam ser criadas a partir do poder público, sobretudo quando a gente fala em escala”, declarou Athayde. “Muitas dessas pessoas empreendem muito mais por uma necessidade de sobrevivência, para poderem complementar a renda, e acabam descobrindo o empreendedorismo. Tem gente que tem o dom, mas não desperta porque não sabe por onde começar. Seja para poder financiar as nossas ações, seja para poder construir relações de formalização, seja de espaços físicos em favelas e periferias, o poder público é fundamental. Sem ele, a gente vai ficar rodando em círculo, pensando coisas positivas, pensando soluções relevantes, mas sem fechar a outra ponta”, concluiu.
Também presente no evento, a secretária de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), Elizabeth Jucá, reforçou a importância do trabalho em conjunto entre poder público e os empreendedores.
“A gente sabe da potencialidade, do empreendedorismo e da inovação que acontece nas favelas. E o que a gente quer em Minas Gerais é fortalecer cada vez mais isso. E queremos mais: a gente pode entrar com nossos serviços públicos que ajudem vocês a dar dignidade, desenvolvimento. É isso o que estamos construindo aqui", disse. "Precisamos de vocês", completou.
De educação a gastronomia
Dois projetos foram apresentados para o governador Romeu Zema. O primeiro foi da professora Vanessa Aparecida da Silva, de Mariana, na Região da Central de Minas. Ela tem uma escola de educação infantil especializada em inclusão e acolhimento, e desenvolveu o programa Empreendedores do Futuro, com crianças que criaram projetos de empreendedorismo na escola e na comunidade.
Outro projeto é do empreendedor Igor Moreira, de Belo Horizonte. O jovem de 23 anos vende, segundo ele, “o melhor alfajor do mundo”. Igor conta que aprendeu a fazer o famoso doce argentino em um programa socioeducativo. Ele será um dos expositores na Expo Favela e espera que seja uma excelente oportunidade para acessar novos clientes.
“Esse evento vai conectar os empreendedores da favela com as pessoas do asfalto. É a grande oportunidade que todo empreendedor precisa. Agora, só depende da gente saber apresentar nosso produto, saber falar, expressar, porque os investidores vão estar lá”, revelou. “A gente consegue perceber que o governo é parceiro, que o governo apoia a gente. A gente corre atrás e o governo dá condição para a gente, abrindo portas. Conseguimos entender que não estamos sozinhos. Isso é transformador", enalteceu Igor.
Encontro
Cerca de 80 pessoas participaram do encontro com o governador Romeu Zema, a secretária Elizabeth Jucá e o subsecretário de Inclusão Produtiva, Trabalho, Emprego e Renda da Sedese, Arthur Campos.
No encerramento, o governador frisou que o governo tem feito todo o possível para facilitar a vida de quem quer empreender em Minas Gerais.
“Escutar essas histórias nos faz sentir que tudo é possível. E o que me dá mais orgulho, nesta gestão, é que estamos caminhando agora para um milhão de empregos formais gerados no estado, de acordo com o Caged, do Ministério do Trabalho. Isso significa que um milhão de mineiros passam a ter renda própria e a ter mais dignidade. E, às vezes, o impacto é muito grande. E quando isso acontece, quem empreende tem um mercado maior, tem mais gente para comprar, para adquirir. Este trabalho está sendo conduzido para termos um estado mais desenvolvido. Fico muito orgulhoso e satisfeito com o trabalho de vocês. Faremos tudo aquilo que estiver ao nosso alcance, vocês terão todo o apoio”, finalizou.
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