Um relatório da ONU alerta que os ciclos de escassez de água “tendem a generalizar-se”, o que leva a uma ameaça de “risco iminente” de crise mundial. O aviso foi dado na véspera do início, esta quarta-feira, da Conferência da Água, em Nova Iorque, a primeira desde 1977.
A Conferência da Água, que começa neste Dia Mundial da Água e decorre até sexta-feira, é a primeira desde 1977. Na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, vão estar, pelo menos, 12 chefes de Estado e de Governo, cerca de 80 ministros e altos funcionários governamentais e mais de 6.500 representantes da sociedade civil.
Sob o tema "Água para o Desenvolvimento Sustentável”, os participantes querem esboçar uma nova Agenda de Ação para a Água, no âmbito dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, nomeadamente em relação ao Objectivo 6 sobre água potável e saneamento. De acordo com as Nações Unidas, são urgentes compromissos e ações na proteção dos aquíferos, no combate à poluição, no abastecimento de água potável e na integração das políticas hídricas com as políticas climáticas.
Estes objetivos são ainda mais urgentes à luz do relatório da ONU-Água e da Unesco, publicado na terça-feira, que alerta que o consumo crescente e as mudanças climáticas estão a provocar um "risco iminente" de crise mundial de água porque os ciclos de escassez “tendem a generalizar-se”.
No prefácio do relatório, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que excesso do consumo e do desenvolvimento, que classificou como “vampíricos”, assim como “a exploração insustentável dos recursos hídricos, a poluição e o aquecimento global descontrolado estão a esgotar, gota a gota, esta fonte de vida da humanidade".
O documento explica que, nos últimos 40 anos, em todo o mundo, o uso de água potável aumentou cerca de 1% por ano e avisa que a escassez de água "tende a espalhar-se" e a piorar com o impacto do aquecimento global, podendo vir a atingir, em breve, regiões poupadas até agora, como o leste da Ásia ou a América do Sul.
Cerca de 10% da população mundial vive num país onde se chegou a um nível alto ou crítico de stress hídrico (relação entre utilização da água e a sua disponibilidade). Por outro lado, ainda de acordo com o relatório dos especialistas em clima da ONU, "cerca de metade da população mundial" sofre de escassez "severa" de água durante parte do ano.
Além da falta de água, o problema é também a contaminação da que está disponível, devido à ausência ou deficiência de sistemas de saneamento. Cerca de dois mil milhões de pessoas não têm acesso à água potável e 3,69 mil milhões não têm acesso a serviços de saneamento seguros. Ou seja, são milhões de pessoas sujeitas à cólera, disenteria, febre tifoide e poliomielite.
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