O projeto ‘roda de conversa com o autor na academia’, desenvolvido e organizado pelas academias de letras e instituições parceiras, tem como intuito fomentar o hábito da leitura.
A Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras em parceria com a ALACIB e a FUPAC-MARIANA lançam o evento: roda de conversa com o autor na Academia de Letras, no dia 11 de maio de 2023, às 19h, na Casa de Cultura – Sede da Academia Marianense de Letras, na Rua Dom Frei Durão, 84. Centro.
O projeto ‘roda de conversa com o autor na Academia’, desenvolvido e organizado pelas academias de letras e instituições parceiras, tem como intuito fomentar o hábito da leitura oferecendo ao público a oportunidade de acesso a mais uma modalidade de atividade literária na cidade, com encontros entre escritores, acadêmicos, leitores e expoentes da arte, para refletir e discutir sobre temas da leitura e literatura.
O objetivo do projeto, segundo o Presidente da Casa de Cultura - Academia Marianense de Letras, Prof. Dr. J.B.Donadon-Leal, é promover lançamentos programados de livros dos acadêmicos e bate-papos dos autores com a comunidade interessada.
A primeira edição contará com o lançamento do livro do autor René Dentz: RAZÕES DO PERDÃO, Editora Ideias e Letras. O mediador será o acadêmico, Dr. Luciano Guimarães (Luciano Guimarães Pereira: Advogado, psicólogo e mestre em história. Membro da Academia Marianense de Letras, do LIONS Clube de Mariana e da Loja Maçônica Confidentes de Vila Rica)
Segundo René Dentz: ‘durante os últimos anos, ao estudar o tema do perdão, muitas vezes me intrigou o fato de ser uma temática acolhida de forma intensa. O perdão parece ser, ao mesmo tempo, um gesto simples e complexo. Cotidiano e atemporal. Possível e impossível. São diversos os paradoxos encontrados ao redor do ato de perdoar. Alguns questionamentos aparecem: por que perdoar? Seria uma atitude que levaria à felicidade? Aquele que perdoa é mais feliz? Estará liberto de um mal? Aquele que recebe o perdão se liberta da dívida e da culpa, isso parece mais nítido...’
René Dentz é Psicanalista, Filósofo, Escritor. Professor da PUC-Minas. Professor da FUPAC-Mariana. Membro da ALACIB-Mariana e da Academia de Letras de Nova Lima. Realizou Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado na Université de Fribourg, na Suíça. Colunista do Jornal/Tv Panfletu´s em Mariana e região. Comentarista da Rádio Itatiaia/BH e Colunista da TV Horizonte. Autor de 8 livros, sendo o último publicado em 2022 pela editora Ideias e Letras, “Vulnerabilidade”. Aborda o tema do Perdão há anos (tendo sido objeto de sua pesquisa doutoral) a partir da Psicanálise, da Filosofia e da Teologia.
Por Cris Páz
“Não guardo mágoa, guardo nomes”, brinca meu amigo, ilustrando como costuma ser complexo o exercício do perdão. Em certos casos, quase uma utopia. Tentá-lo já é um belo passo.
Perdoar não é verbo passível de fórmulas – algum verbo o é? Caracterizar a atitude de perdão e seus inerentes desafios parece-me impossível sem considerar o ato, ofensa ou omissão a que se refere. Que feridas resultaram desse ato? Qual é a relação entre quem perdoa (ou quer perdoar) e quem recebe (ou deseja) o perdão? É possível falar do perdão de maneira universal?
É sobre estas interrogações que René se debruça neste livro, em sua paixão expressa pela palavra, paixão esta que aprendi a compartilhar, contagiada pelo autor. Foi a convite dele que dediquei mais tempo a uma reflexão sobre o tema, oportunidade pela qual sou grata.
Parece-me impossível desprezar uma palavra que separa o ato do ator. Capaz de concede uma nova chance, não de erro, mas de vida – a quem perdoa, inclusive. A busca do perdão é colocar amor num lugar ocupado pelo ódio. Uma espécie de ressurreição porque devolve o ar, devolve à vida. Vida porque humana.
Perdoar-se talvez seja o maior de desafio. Perdoar-se, inclusive, por não conseguir perdoar. “Perdoar, sim, esquecer, jamais”, diz o outro. Desconfio que o maior obstáculo ao perdão seja o apego à dor. Mas perdoar não é deixar de senti-la. Talvez por isso seja tão difícil e tão fascinante pensar no assunto. O perdão não tem promessas baratas, não tira a dor com a mão. Exige coragem? Talvez. Faz milagres? Nunca. Não garante nada, não apaga o passado nem mesmo da memória.
O perdão não anula a dor, apenas tira dela a armadura cujo peso torna mais árdua a caminhada. A dor não se esvai, ganha mobilidade. Segue adiante, agora não mais desenganada. Mais leve, ganha fôlego e vislumbra nova chance. Candidata-se à reabilitação.
Abrir mão do ressentimento não é deixar de sentir a dor, é desvincular-se dela, permitir-se o alívio de conviver com algo que vem e volta, não mais como parte de si. Realocar a dor em sua história, não em seus traços.
Se não posso mudar o que passou, posso ressignificar o que passou. Para que passe. O perdão é a resposta. Uma resposta que não depende de quem erra para acontecer. Se a culpa está no outro, o perdão mora em mim. É sobre mim que ele fala, não sobre o outro.
“O perdão é um horizonte”, diz René Dentz. Um horizonte azul, que nasceu para todos.
Serviço:
Dia: 11 de maio de 2023.
19h. Casa de Cultura de Mariana-Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes
Foto: Cartaz / Divulgação