O El Niño, também conhecido como El Niño Oscilação-Sul (ESNO), é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical em decorrência do enfraquecimento dos ventos alísios. Esse evento, que costuma ocorrer em intervalos de dois a sete anos, provoca diversas alterações climáticas globais e inúmeros prejuízos socioeconômicos e ambientais às regiões afetadas.
O fenômeno climático foi descoberto apenas no século XX. No entanto, ele já era percebido por algumas populações desde a época colonial. Em países como Chile e Peru, o El Niño provoca chuvas na época do Natal. Por isso, esse evento recebeu o nome de “El Niño”, como referência ao menino Jesus, que nasceu nessa época.
Existem diversas teorias que giram em torno da origem do El Niño, como ciclos solares, erupções vulcânicas, acúmulo sazonal de águas quentes no Oceano Pacífico e quedas de temperatura na Ásia Central. Registros arqueológicos, históricos, paleoclimáticos e relatos de navegadores sugerem que esse fenômeno já ocorre a mais de 500 anos.
Esses apontamentos envolvem mudanças nas forças dos ventos, transformações na quantidade e intensidade de chuvas, secas, enchentes, atividade pesqueira e produção agrícola. O El Niño está relacionado até mesmo com a crise agrícola que causou a decadência da civilização Maia.
Durante um ano em que esse fenômeno não ocorre, os ventos alísios sopram no sentido leste-oeste através do Oceano Pacífico Tropical, originando um excesso de água no Pacífico oriental, de tal modo que a superfície do mar tenha cerca de meio metro a mais nas costas leste na Ásia e Austrália do que na costa oeste da América do Sul.
Isso provoca a ressurgência (fenômeno oceanográfico que consiste na subida de águas subsuperficiais) de águas profundas, mais frias e carregadas de nutrientes na costa ocidental da América do Sul, que alimentam o ecossistema marinho e promovem imensas populações de peixes. Estes animais, por sua vez, também servem de sustento aos pássaros marinhos abundantes, cujas fezes depositadas em terra podem ser utilizadas como matéria prima na indústria de fertilizantes.
Quando acontece um El Niño, os ventos sopram com menos força ou mesmo invertem a direção em todo o centro do Oceano Pacífico, resultando em uma diminuição da ressurgência de águas profundas e na acumulação de água mais quente na costa oeste da América do Sul e, consequentemente, na diminuição da produtividade primária e das populações de peixe.
De acordo com a intensidade, o El Niño pode ser fraco, moderado ou forte. As anormalidades climáticas associadas a esse fenômeno são desastrosas e provocam sérios prejuízos socioeconômicos e ambientais.
Foto: Divulgação