Com a chegada do outono, há um aumento considerável dos casos de doenças respiratórias infantis, muitas vezes graves. Como forma de aprimorar os atendimentos de emergência e intensivo prestado às crianças, o Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Saúde, fortaleceu a estrutura nas unidades e ampliou o número de leitos de UTIs pediátricas e neonatais.
Porém, alguns cuidados simples em casa podem ajudar os pais a reduzirem as ocorrências de doenças respiratórias infantis. Juliana Rajão, gerente médica da pediatria do Hospital Infantil João Paulo II, da rede Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), ressalta que o período mais frio propicia a maior incidência dos vírus, principalmente Influenza, Rinovírus, Adenovírus e, nas crianças bem pequenas, o Sincicial Respiratório (VSR), que é o grande causador da bronquiolite e que muitas vezes traz como consequência a gravidade do quadro da criança e a necessidade de internação.
Segundo a médica, que é mãe de um menino de sete anos e atua na área há mais de 14 anos, o período mais crítico vai até junho, início de julho, quando acontece, coincidentemente, as férias e, com isso, o afastamento entre as crianças e a diminuição dos quadros infecciosos.
Até lá, Juliana destaca algumas dicas importantes para que pais e mães possam ajudar a prevenir problemas de saúde dos filhos, tão comuns na época do frio. “O ideal é lavar bem o nariz das crianças, usar soro fisiológico para fazer a higienização nasal, pois as crianças têm mais dificuldade para expectoração e retirada de secreção. Lavar o nariz significa ajudar a criança a tirar essas secreções e não deixar acumular”, orienta.
Outro ponto é redobrar os cuidados com a hidratação, reforçando a oferta de água e suco natural, lavar frequentemente as mãos, evitar lugares fechados e procurar arejar os ambientes.
Sintomas
Os sintomas mais frequentes dos quadros respiratórios, conforme a especialista, são coriza, que é o nariz com mais secreção e catarro, tosse, espirros. Os maiores podem se queixar de dor de cabeça. Já as crianças menores costumam apresentar também vômito e diarreia.
“Vale lembrar que a gravidade está relacionada a uma dificuldade respiratória. É quando a criança apresenta uma respiração acelerada, mais dificuldade para respirar, que chega a marcar as costelas na hora de respirar. Então precisa de avaliação médica. Crianças fora de febre, mas que apresentam prostração excessiva e inapetência por vários dias também precisam de cuidados mais urgentes”, alerta.
Já a orientação em casos mais leves, como febre de até três dias não muito elevada, espirros, tosses sem esforço respiratório, as crianças podem ser assistidas na Unidade Básica de Saúde ou centros de saúde.
A pediatra destaca ainda a importância da caderneta de vacinação em dia, para maior proteção das crianças. “A vacina não protege contra ter as doenças, mas de ter as doenças de forma mais grave. Então, evita complicações e que os quadros evoluam para a gravidade”, afirma.
Novos leitos na capital
No último dia (04/04), data do aniversário de 50 anos do Hospital João XXIII, a Fhemig inaugurou dez novos leitos de UTI Pediátrica no Complexo Hospitalar de Urgência e Emergência, que também engloba o Hospital Infantil João Paulo II e Maria Amélia Lins.
Com a ampliação da ala pediátrica para atender à demanda crescente durante o outono, já está sendo possível atender crianças com síndromes respiratórias graves causadas por vírus. As UTI Pediátricas estão disponíveis para receber pacientes encaminhados pela Central de Regulação municipal. A estrutura foi montada com ventiladores, camas elétricas, monitores e outros equipamentos adquiridos devido à revisão e renovação de todo o parque tecnológico realizado pelo Governo de Minas ao longo dos anos de 2019 a 2022.
Desta forma, no período sazonal, o Hospital João XXIII chega a 20 leitos de UTI pediátrica, além de 16 no Hospital Infantil João Paulo II. Ao todo, serão, na época de maior demanda, 104 leitos de UTI (incluindo adulto) no Complexo Hospitalar de Urgência e Emergência (36 pediátricos e 68 adultos).
No interior
Por meio do programa Valora Minas, de repasse de recursos para hospitais, a política de ampliação de leitos de UTI pediátricos e neonatais segue avançando no interior, de modo a descentralizar o acesso à terapia intensiva nas diversas regiões do Estado. Com relação aos leitos pediátricos, os hospitais São Sebastião, de Viçosa, e Bom Samaritano, de Governador Valadares, já contam com novas unidades para atendimento desde janeiro, no caso de Viçosa, e desde abril, em relação a Valadares.
Já o Hospital Municipal de Paracatu e o Hospital Regional do Sul de Minas estão na fase de aquisição de equipamentos. O valor aplicado em custeio pelo Estado é de R$ 500 mil mensais para beneficiar essas quatro instituições, com pagamentos iniciados após o funcionamento das unidades, e outros R$ 5,6 milhões perfazem o eixo do programa para aquisição de equipamentos.
No total, considerando os leitos já em funcionamento, há dez novas unidades em Governador Valadares e outras seis em Viçosa. Segundo dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), referentes a março de 2023, existem 236 leitos de UTI pediátrica no estado.
Além desses quatro hospitais beneficiados, há ainda instituições que, adicionalmente ao custeio dos leitos e equipamentos, também pleitearam obras, e possuem prazo até maio para regularizar pendências referentes à documentação. Após esse período, serão celebrados termos de compromisso com os benificiários que estiverem com todas os requisitos concluídos, para viabilização dos repasses financeiros.
Outra frente de atuação, as UTIs neonatais estão com processos de classificação em andamento, com finalização esperada em maio. A expectativa é que haja um acréscimo de 21,8% da capacidade atual. A rede existente já se encontra com cofinanciamento de 229 leitos de Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Convencional (UCINCo) e 90 leitos de Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru (UCINCa).
“Estamos abrindo muitos leitos de UTI pediátricos, que é um tipo de leito muito valoroso e que faltava, por exemplo, em regiões como Governador Valadares, que não tinha nenhum há um ano. Agora conta com um quantitativo suficiente para atender toda aquela região. O Hospital João XXIII, da Rede Fhemig, também abriu recentemente dez leitos de UTI pediátricos, e o João Paulo II se preparou com antecipação e, hoje, o pronto-atendimento conta com pediatras suficientes”, destaca o secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, o médico Fábio Baccheretti.
De acordo com o gestor, essa ampliação é fruto de Deliberações da Comissão Intergestores Bipartite, que conta com participantes da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais e das Secretarias Municipais de Saúde, que pactuaram os termos das políticas de ampliação e financiamento da rede de assistência.
“Por exemplo, já estamos no período sazonal, em abril. E como todos percebemos, as doenças respiratórias estão aumentando bastante, especialmente com as crianças, por conta do vírus sincicial respiratório. Então, desde novembro do ano passado, estamos nos preparando para fortalecimento da rede”.
Outro ponto reforçado por Baccheretti é o aumento do repasse para as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). “Repassamos um valor quatro vezes maior que o valor histórico. Então o Estado vem se planejando com antecipação para um período já conhecido”, afirma, em referência às estações do ano em que há maior número de casos de doenças respiratórias.
O secretário reforça a importância de tomar as vacinas contra a gripe e a Covid. “A campanha de influenza já começou, bem como a vacina da Covid em disponibilidade e que muitas crianças ainda não tomaram. Outros públicos também precisam retornar para reforço ou a bivalente, conforme as especificidades de cada situação. Então, estamos fazendo a nossa parte, mas precisamos que a população também faça a dela”, destaca.
Foto: Divulgação