Especialmente concebido para o projeto que leva obras do Museu Internacional de Arte Naïf ao interior de Minas, programa educativo mobiliza as comunidades de Ouro Preto, Congonhas e Conselheiro Lafaiete.
Entre as principais ações do projeto Arte nas Estações – que leva parte da coleção do Museu Internacional de Arte Naïf a Ouro Preto, Congonhas e Conselheiro Lafaiete – está um amplo programa educativo que investe na perspectiva social da arte. O objetivo é não somente convocar público para as três exposições apresentadas pelo projeto, mas construir saberes em parceria direta com as comunidades locais.
Idealizado pelo colecionador e gestor cultural carioca Fabio Szwarcwald, com curadoria de Ulisses Carrilho, o Arte nas Estações realiza, entre fevereiro e setembro desse ano, três mostras itinerantes e simultâneas: Sofrência, A ferro e fogo e Entre o céu e a terra.
Concebido e coordenado pelas educadoras Janaína Melo e Jana Janeiro, o programa educativo que acompanha o projeto tem como objetivo facilitar o entrelaçamento das obras exibidas com a memória visual, cultural e musical brasileira, fomentando múltiplas formas de gerar e compartilhar conhecimento. Para tanto, o educativo cria oportunidades de diálogo com professores, alunos, artistas, produtores culturais e demais moradores, bem como turistas que visitam as três cidades mineiras.
“O acervo de arte popular tem o potencial de construir vínculos com cada cidade, se conectando a diferentes saberes, histórias e tradições. Propomos, por meio de uma escuta ativa com os públicos, estabelecer o desenvolvimento de processos educativos. Com isso, visamos promover a criação e o fortalecimento de vínculos sociais que contribuam para a articulação de ações formativas e culturais”, afirma Janaína Melo.
“Com base nos recortes curatoriais das três exposições, procuramos tecer aproximações e envolvimento com o cotidiano, práticas do trabalho, festas, ritos, religiosidades e paisagens que conectam o programa às manifestações de alegria, lazer e amor”, comenta Jana Janeiro. De acordo com as coordenadoras, o educativo organiza-se a partir de linhas distintas de ação:
Visitas educativas para grupos escolares e não escolares
O educativo foi concebido para adequar sua prática a partir das características e demandas de seus públicos. Nessas visitas os educadores de cada cidade recebem os grupos, apresentam as exposições e propõem experiências que vão desde rodas de conversa e oficinas a experimentações práticas. No primeiro ciclo, de fevereiro a abril, o projeto recebeu cerca de 700 pessoas.
Formação com professores e educadores
Todas partem de um processo de escuta, construção coletiva e diálogo com os públicos participantes. No programa de formação, educadores são convidados a explorar as exposições e a construir relações com os conteúdos desenvolvidos em sala de aula.
Programação cultural em articulação com o território
O educativo entende que uma importante contribuição do programa é prover espaço de diálogo com os artistas, produtores culturais e coletivos das cidades. Por isso, as exposições são também territórios de construção de experiência e criação de vínculos importantes para a cena local. Durante o primeiro ciclo, o espaço expositivo recebeu manifestações diversas de grupos de folia de reis, capoeira, street dance, teatro, apresentações musicais, clube do livro, encontro de escoteiros e cavalgadas.
Ações de acessibilidade e inclusão
Um conjunto de estratégias de mediação e inclusão de pessoas com deficiência (PCD) e seus familiares, idosos e grupos em vulnerabilidade social. As ações previstas visam criar, a partir das exposições, ambientes acessíveis e porosos às experimentações, bem como oportunidades de acesso a diferentes públicos: desde visitas exclusivas a desenvolvimento de estratégias sensoriais. O programa oferece transporte para as visitas educativas com foco na inclusão da pessoa com deficiência.
Plataforma virtual e interativa
A partir do telefone celular, os visitantes têm acesso (por meio de QR codes) a informações gerais sobre as exposições, seus processos de pesquisa curatorial e artistas presentes. O público pode acessar conteúdos gamificados e uma experiência instigante com percursos formativos e pedagógicos. Com foco em professores e alunos, a plataforma digital terá conteúdos produzidos no decorrer das exposições gerando um repositório virtual das experimentações e práticas do público.
Em Conselheiro Lafaiete, a articulação do programa educativo com artistas locais resultou na aproximação com o designer gráfico, artista visual, arte-educador e gestor cultural Hélcio Queiroz, morador do município. Em parceria com a equipe do Arte nas Estações, ele orienta oficinas de pintura para cerca de 80 participantes da comunidade local, a partir da visitação às exposições montadas na Estação Ferroviária. A proposta é que as obras produzidas durante os encontros sejam instaladas, ao final do projeto, numa passagem para pedestres sob a linha férrea de Lafaiete, compondo uma intervenção permanente com 47m² de pintura naïf. Desta forma, o Arte nas Estações deixa um legado perene para a cidade.
O projeto Arte nas Estações tem patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e realização da RKF
ARTE NAS ESTAÇÕES
Abertura: fevereiro de 2023
Encerramento: setembro de 2023
OURO PRETO
Itinerâncias:
A FERRO E FOGO - 22 abr a 18 jun 2023
Abertura às 11h
ENTRE O CÉU E A TERRA - 8 jul a 3 set 2023
Paço da Misericórdia (antiga Santa Casa)
Rua Padre Rolim, 344
Ouro Preto - Minas Gerais
Horário de funcionamento: quinta a domingo, de 9h às 17h
Entrada gratuita | Classificação livre
Foto: Divulgação