A hanseníase é uma doença infecciosa, contagiosa e de evolução crônica, causada por um bacilo chamado Mycobacterium leprae, que tem preferência pela pele e os nervos periféricos e pode afetar qualquer pessoa. Para conscientizar a população, a Secretaria de Estado de Saúde promove neste mês a campanha “Janeiro Roxo - Conhecer e enfrentar a Hanseníase de Janeiro a Janeiro”.
A partir das ações educacionais, de comunicação e mobilização social, somada às estratégias de sensibilização dos profissionais de saúde, a campanha tem como foco divulgar informações sobre prevenção, sinais e sintomas, diagnóstico e tratamento, para romper com estigmas e discriminação que ainda giram em torno da hanseníase.
Segundo Marina Caldeira, coordenadora de Hanseníase da SES-MG, a estratégia da campanha é atingir os dois públicos-alvo.
“Uma das frentes é o incentivo ao autocuidado, o diagnóstico e tratamento oportunos. A população precisa ter acesso a informações sobre hanseníase e estar atenta aos sinais e sintomas para procurar a unidade de saúde em tempo oportuno. Mas também é necessário sensibilizar e mobilizar os profissionais de saúde sobre a importância das ações de busca ativa de casos novos e a investigação de contatos, fundamentais para interromper a transmissão e assistir oportunamente as pessoas acometidas pela hanseníase. Além disso, buscamos incentivar a execução destas e outras ações pela Atenção Primária à Saúde, e que perpassam em toda a rede de atenção à saúde. Por ser a ordenadora do cuidado integral em hanseníase, as equipes precisam conhecer o cenário e fortalecer as estratégias de enfrentamento nos territórios”.
Ações da SES-MG
A SES-MG, por meio da Coordenação de Hanseníase, está empenhada para implementar e fortalecer a “Estratégia Nacional para Enfrentamento da Hanseníase (ENEH) 2023-2030”, adequando-se à realidade do Estado. A coordenação estadual de hanseníase, em análogo ao Ministério da Saúde, definiu o “Plano Estadual de Enfrentamento da Hanseníase em Minas Gerais, 2019-2022”, pilares estratégicos de atuação para os diferentes serviços de atenção à saúde com metas relacionadas ao incremento da detecção geral de casos novos ; redução da proporção de casos novos em menores de 15 anos, e da proporção de casos novos com grau 2 de incapacidade física, decorrente da hanseníase. Entre os anos de 2017 e 2021, foram diagnosticados no estado de Minas Gerais 4.856 novos casos de hanseníase, com tendência decrescente de notificação. Em 2017 foram 1.104 novos casos; em 2018 foram 1.035 casos; em 2019 foram 1.090 casos; em 2020 foram 759 casos; e em 2021 foram 868 casos.
O lançamento da ENEH 2023-2030, em consonância com a Estratégia Global de Hanseníase, está previsto para ocorrer no Seminário “Hanseníase no Brasil: da evidência à prática”, em alusão à campanha nacional Janeiro Roxo, no período de 24 a 27/01, em Brasília/DF. A Coordenação de Hanseníase da SES-MG participou do processo de construção e foi convidada a participar desta solenidade, a convite do Ministério da Saúde.
Atualmente, em Minas Grais, os pacientes com hanseníase são assistidos pelas equipes de atenção primária, serviços de atenção especializada, e centros de referência com atuação macrorregional, estadual e nacional. Além destes, existem quatro Casas de Saúde (antigos Hospitais-Colônias) localizadas nos municípios de Bambuí (Casa de Saúde São Francisco de Assis), Betim (Casa de Saúde Santa Isabel), Três Corações (Casa de Saúde Santa Fé) e Ubá (Casa de Saúde Padre Damião). A gestão das Casas de Saúde é realizada pela rede Fhemig - Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais, cabendo à SES-MG implementar as diretrizes nacionais e elaborar políticas públicas relacionadas ao controle do agravo e promoção da saúde e qualidade de vida dos mineiros.
Além disso, através da Deliberação CIB-SUS/MG 2706, de 18 de abril de 2018, foi instituído o Comitê Estadual de Enfrentamento da Hanseníase, que é intersetorial e tem caráter consultivo. Em maio de 2021, o Comitê foi reestruturado, realizando reuniões mensais que fomentam os compromissos do estado e municípios.
Sobre a hanseníase
A doença acomete pessoas nas mais diversas idades - incluindo crianças - independentemente de gênero. A progressão da doença é lenta, e seu período de incubação é prolongado e pode durar anos. A hanseníase tem cura e, se tratada precocemente e de forma adequada, pode controlar a transmissão e evitar incapacidades e sequelas.
A principal forma de prevenção é o diagnóstico precoce. Com o início do tratamento a pessoa deixa de transmitir a doença. O diagnóstico de caso de hanseníase é essencialmente clínico e epidemiológico, realizado por meio do exame geral e dermatoneurólogico para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos, com alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas.
O tratamento está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é feito com medicamentos orais durante 6 a 12 meses, dependendo da forma clínica. O paciente deve comparecer mensalmente ao serviço de saúde para ser examinado, receber a medicação e orientações.
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