Uma das obras de arte vandalizadas por golpistas durante os atos terroristas em Brasília no domingo (08/01), a escultura "A Justiça" foi criada pelo artista mineiro Alfredo Ceschiatti, e inaugurada há mais de 60 anos, em 1961, em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF).
A estátua foi pichada com a frase "Perdeu, mané", em referência a uma resposta dada pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso a um bolsonarista que o questionou, em Nova York (EUA), sobre as urnas eletrônicas brasileiras, em novembro de 2022.
Esculpida em granito e com mais de 3 metros de altura, a obra retrata Têmis, a deusa da justiça na mitologia grega. Ela está sentada, de olhos vendados, com uma espada no colo e sem a balança nas mãos, como é tradicionalmente representada.
Alfredo Ceschiatti nasceu em Belo Horizonte, em 1918. Escultor, desenhista e professor, ele estudou na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro e foi um dos principais colaboradores do arquiteto Oscar Niemeyer, responsável pela concepção de prédios, monumentos e palácios de Brasília.
"Ele desenvolve várias obras, e uma das mais icônicas, que eu acho belíssima, é justamente 'A Justiça'. Essa obra é extremamente representativa porque você tem toda uma dimensão simbólica associada (...) A justiça é devidamente cega, a justiça não pode se ater a uma visão parcial das coisas, e está sentada solenemente com a espada da lei sobre o colo. A lei é igual para todos", explica o escultor e professor da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fabrício José Fernandino.
Ceschiatti é o criador de várias obras presentes em prédios públicos de Brasília, como "As Iaras", escultura de bronze do Palácio da Alvorada também chamada de "As banhistas".
Além de obras em Brasília, Alfredo Ceschiatti desenvolveu, a pedido de Oscar Niemeyer, o baixo-relevo da Igreja da Pampulha e também "O Abraço", escultura de duas mulheres abraçadas, em 1943.
O artista morreu em 1989, no Rio de Janeiro.
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