“Perdi o direito de ter minha mãe e de ter o meu pai também, por decisão dele. A justiça brasileira não nos ajudou em nada. Muitas crianças não têm apoio psicológico nem da família. Precisam de algum tipo de suporte do Estado. Nós também somos vítimas”.
Com essa fala a jovem Gabriela Campos, filha de Lílian, que foi vítima de feminicídio, explicou, a partir de sua própria experiência, a importância da criação de políticas de apoio aos órfãos de feminicídio. Sua vivência foi compartilhada durante audiência pública da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (29/11/22).
De acordo com a promotora de Justiça e coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Combate à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, Patrícia Habkouk, cada feminicídio gera, em média, dois órfãos, e Minas Gerais é o estado brasileiro que teve o maior número de feminicídios em 2021. Apesar disso, não dispõe de políticas públicas específicas que ofereçam apoio a crianças e adolescentes órfãs desses feminicídios.
“A taxa de feminicídio mineira é acima da média nacional. São 145 mil boletins de ocorrência por ano por violência doméstica. E só medimos os feminicídios decorrentes disso, sequer medimos os decorrentes de ódio e menosprezo a mulheres e aqueles que foram tentados, que são muito preocupantes, porque muitas vezes o autor continua a assediar a vítima. Além disso, a subnotificação é enorme . Então, se o cenário já é esse pelo que sabemos, imagine o que não sabemos”, afirmou.
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