Alerta para ocorrências desse tipo, que deixam as unidades da companhia sem energia e interrompem o abastecimento de água em cidades de Minas Gerais.
O número crescente de registros de furtos de cabos de cobre próximos a unidades da Copasa tem impactado o abastecimento de água em Minas Gerais. No final de março, a empresa registrou três ocorrências do tipo nas imediações de duas de suas unidades na região metropolitana de Belo Horizonte (uma unidade de bombeamento de água no bairro Mangabeiras, em BH, e um reservatório de água no bairro Jardim Verona, em Ribeirão das Neves), deixando vários bairros da capital mineira e também de Esmeraldas e Ribeirão das Neves sem água até o restabelecimento da energia nos locais atingidos.
No período de 12 meses, entre março de 2021 e março deste ano, a Copasa registrou 104 ocorrências de furtos de cabos de cobre em Minas, sendo a maior parte nas regiões metropolitana de BH, Central e Sul do estado. Quase metade desses registros (45%) gerou, como consequência, a falta de água aos consumidores de algumas dessas regiões. Isso porque as unidades de abastecimento da Copasa ficam sem energia, o que impede o bombeamento de água até a população.
Segundo o gerente da Unidade de Controle Operacional da Copasa, Rodrigo Ferreira Coimbra e Silva, um levantamento feito pela empresa aponta para um crescimento de 28% na média de ocorrências mensais de furtos de cabos em 2022. “No ano passado, a gente tinha uma média de nove furtos por mês e agora, neste início de ano, estamos com uma média de 11,6 furtos de cabos por mês”, explicou.
Além do prejuízo ao abastecimento de água, o crime também onera os cofres da companhia. Nos últimos 12 meses, a Copasa gastou aproximadamente R$ 2 milhões para reparar os danos provocados à empresa e restabelecer a energia nas redes de abastecimento e unidades de bombeamento.
Para coibir esse tipo de crime, a Copasa tem ampliado a vigilância eletrônica em torno das unidades. Também mantém uma parceria junto à Polícia Civil para auxiliar no trabalho de investigação que visa desvendar os receptadores de cabos de cobre no estado.
Grande BH
Um dos casos de maior impacto para os clientes da Copasa deixou sem energia o reservatório Nova Gameleira, responsável pelo abastecimento de 150 mil pessoas na capital. O crime ocorreu em novembro do ano passado e foram necessárias 48 horas para restabelecer a energia e retomar o abastecimento.
Já em 2022, além dos casos registrados na semana passada em BH e Ribeirão das Neves, a Copasa registrou pelo menos outras duas ocorrências que levaram ao desabastecimento. Uma no final de janeiro, também em Ribeirão das Neves, deixando o reservatório-sede da cidade sem energia. Ao todo, 14 mil clientes foram afetados e o abastecimento foi retomado após 48 horas de interrupção.
Outro caso ocorreu no booster (bombas pressurizadoras que fornecem a pressão regular e melhoram a distribuição de água no sistema) Santa Maria, na capital mineira, e impactou o abastecimento para 28 mil pessoas por 42 horas no início do mês passado.
Interior de Minas
Esse tipo de crime também tem levado ao desabastecimento de água no interior. Nos últimos 12 meses, a Copasa registrou casos em Frutal, Divinópolis e Varginha, todos com interrupção nos serviços por falta de energia.
Em Frutal, no Triângulo Mineiro, foram registradas seis ocorrências de furto de fios entre outubro do ano passado e fevereiro deste ano, atingindo mais de 30 mil pessoas. Já em Divinópolis, no Centro-Oeste, um furto no reservatório R.3, no bairro Interlagos, deixou 55.299 pessoas sem água por mais de 5 horas em agosto do ano passado.
E em Varginha, Sul de Minas, uma ocorrência registrada na estação elevatória de água tratada Urupês, no último mês de março, levou à interrupção da distribuição de água por 10 horas, atingindo 48 mil pessoas.
Outros casos
Além da Copasa, outras empresas públicas e privadas têm sofrido com o furto de fios de cobre. A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) informou que, entre 2019 e 2021, teve cerca de 20 quilômetros de cabos de cobre da sua rede subterrânea furtados no hipercentro de Belo Horizonte - causando um prejuízo de aproximadamente R$ 3,3 milhões.
Já a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) informou que, entre março de 2021 e fevereiro deste ano, registrou 57 furtos de cabos ao longo das vias da empresa, sendo as regiões mais afetadas as das estações Lagoinha, Central, Calafate, Minas Shopping e São Gabriel. Ao todo, os furtos e roubos provocaram 368 atrasos e 43 cancelamentos de viagens do metrô da capital.
O crime também impacta as empresas de telefonia. Segundo dados da Conexis Brasil Digital (que reúne as empresas de telecomunicações e de conectividade), em 2020 as operadoras registraram 201 mil metros de cabos furtados ou roubados em Minas. Os dados de 2021 ainda não foram consolidados, mas até o primeiro semestre do ano passado apontavam para um crescimento dos crimes em 14,5% em todo o território nacional.
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