CÉLULA MÃE DE MINAS
Andreia Donadon Leal - Mestre em Literatura pela UFV e Membro efetivo da Academia Marianense de Letras - Cadeira 09: Alphonsus de Guimaraens Filho
16 de julho é o único dia do ano em que as fadas adormecem nos jardins, segundo a tradição irlandesa. O costume é colocar pequenos travesseiros dentro das flores ou no jardim. No dia seguinte, os travesseiros se transformam em pequenos amuletos impregnados de magia.
Ao olharmos a história da igreja, encontramos também uma página marcada pelos homens de Deus: a história da Ordem dos Carmelitas. A palavra Carmelo significa “jardim”, quando abreviada se diz “carmo”. No cenário bíblico do velho testamento, no século IX antes de Cristo, viveu numa gruta o solidário profeta Elias, em espírito de penitência. Defensor da fé de um só Deus profetizou a futura existência da Virgem Maria. Inspirado na vida de Elias, o Carmelo se tornou local de retiro espiritual de eremitas que buscavam o modelo de perfeição monástica alcançada pelo profeta. A partir de 1237 os carmelitas foram quase expulsos do Monte Carmelo, pois a Palestina vivia sob forte pressão dos muçulmanos. A Ordem do Carmo atravessou uma fase difícil com perseguições e rivalidades até por volta de 1250.
No dia 16 de julho de 1251, Simão teve uma visão da Virgem Maria sentada numa nuvem cercada de anjos, confirmando proteção celestial. Como símbolo de sua união aos carmelitas, entregou a Stock o Escapulário do Carmo, prometendo salvação a todos que o usassem com fé.
Na Lenda de Nossa Senhora do Carmo, um forte temporal se manifestou, quando os pescadores trabalhavam no mar. Em terra, mulheres, fizeram fogueira no adro da igreja procurando orientar seus maridos no caminho do regresso. Dos barcos no mar alto, os pescadores viram a luz e a imagem de Nossa Senhora do Carmo. Eles chegaram sãos e salvos. Tudo isto se passou no dia 16 de julho.
Às margens do ribeirão que traspassa a cidade de Mariana, em 1696, nasceu o arraial de Nossa Senhora do Carmo, primeira vila criada na capitania. Em 1745 nomeada por ordem do reino, Mariana. Aqui começa a história de Minas quando bandeirantes paulistas acharam ouro no Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo. Se fizermos uma trilogia destes fatos marcados na história da civilização, poderemos dizer que 16 de julho é uma data de magia, fé e nascimento da Mãe de Minas: Mariana. Mariana, Matriz Mineira, uma das cidades mais importantes do Circuito do Ouro, presente na Terra dos Inconfidentes e dos grandes poetas que fazem parte da literatura nacional. Mariana faz parte do universo, que faz parte do ser humano, que faz parte dos contos de fada. Além das montanhas, na fala poética de Durão, Cláudio, Alphonsus e poetas de hoje que bradam cousa versejam amor incondicional à mãe de Minas Gerais.
As coisas em que mais acredito atualmente são os contos de fadas. O país das fadas não é outra coisa senão o ensolarado senso comum da democracia e tradição. Os supernaturalistas não falam somente sobre a grama, mas sobre as fadas que dançam na grama. Por que não citar o universo de fadas para homenagear a Primaz? No país das fadas não falamos de lei, porque não existe injustiça.
Transformemos a CÉLULA MÃE DE MINAS, no paraíso das fadas, em ouro inestimável que deve ser cuidada com desvelo e amor incondicional feito joia rara, raríssima, nesse cosmo que não tem comparação nem preço. VIVA 16 DE JULHO, DIA DA CELLULA MATER: MARIANA/ Pátria amada de Minas!
16 de julho é o dia de Minas Gerais, instituído pela Lei 7.561, de 19 de agosto de 1979 e referendado pelo Art. 256 da Constituição do Estado em 21 de setembro de 1989. O reconhecimento de Mariana como cidade mãe de Minas Gerais só se deu, porque abnegados componentes da Casa de Cultura de Mariana e Academia Marianense de Letras substanciaram a Assembleia Legislativa e o governo de Minas Gerais com irrefutável documentação histórica comprobatória da natividade deste Estado às margens do Ribeirão do Carmo em 16 de julho de 1696, sendo oficialmente a primeira vila, primeira cidade, primeira capital e primeiro bispado de Minas Gerais.