A cidade histórica de Mariana, berço da fé e da música em Minas Gerais, se prepara para viver um dos momentos mais marcantes de sua trajetória cultural e religiosa. Entre os dias 6 e 19 de dezembro de 2025, a Arquidiocese de Mariana promove o projeto “Sons do Sagrado”, uma celebração que une espiritualidade, música e arte em homenagem aos 280 anos de criação da Diocese.
O evento marca também o retorno do órgão histórico Arp Schnitger à Catedral Basílica Nossa Senhora da Assunção, após nove anos de silêncio. O instrumento passou por um minucioso processo de restauração de seus someiros na Espanha, devolvendo à Catedral um som que é parte essencial da memória musical e religiosa da cidade.
Patrimônio vivo da fé e da música
Construído no início do século XVIII e doado pela Coroa Portuguesa à recém-criada Diocese de Mariana — a primeira de Minas Gerais e a primeira fora da faixa litorânea do Brasil —, o órgão é o único exemplar da oficina do mestre Arp Schnitger existente fora da Europa.
Com 17 registros, distribuídos em dois teclados, o instrumento foi utilizado ao longo dos séculos em celebrações litúrgicas e apresentações artísticas, tornando-se um elo entre a tradição barroca europeia e o desenvolvimento da cultura musical brasileira.
Símbolo de fé, arte e patrimônio, o retorno do órgão representa não apenas um marco sonoro, mas também um ato de preservação da memória cultural e espiritual do país. “O Arp Schnitger é mais que um instrumento: é a voz da história que volta a ecoar no coração de Mariana”, destacou a equipe da Arquidiocese durante a apresentação do projeto.
Celebração dos marcos históricos
Além do reencontro com o som do Arp Schnitger, o “Sons do Sagrado” celebra também os 277 anos da posse canônica do primeiro bispo de Mariana e os 40 anos de ordenação presbiteral de Dom Airton José dos Santos, atual arcebispo metropolitano.
Durante nove dias, o público será convidado a vivenciar uma imersão em fé, música e história, com uma programação que inclui concertos, celebrações e atividades educativas. O objetivo é transformar a Catedral em um espaço de reencontro com as origens da música sacra mineira e com o esplendor da tradição barroca que marcou o ciclo do ouro em Minas Gerais.
Programação musical
Entre os destaques da programação estão apresentações do Coral Ars Antiqua, Orquestra Ouro Preto, Coral Cidade dos Profetas, Coro da Arquidiocese de Campinas, Orquestra Padre Simões, Canarinhos de Itabirito, Corais Cristo Reina e Angeli Domine, além de concertos da organista Josinéia Godinho com os trompetistas Érico Fonseca e José Vítor Assis.
O evento contará ainda com a participação do Coro dos Sacerdotes de Mariana, do Coro do Seminário de Mariana e do grupo Projeto Memórias da Fé, que reforçam o caráter religioso e comunitário da celebração.
Educação e valorização do patrimônio
O projeto inclui também concertos didáticos, realizados entre os dias 15 e 19 de dezembro, voltados para alunos da rede pública e moradores locais. A proposta é aproximar o público das tradições da música sacra e da história do órgão, estimulando a educação musical e a consciência patrimonial.
Com o retorno do Arp Schnitger e a programação do “Sons do Sagrado”, Mariana reafirma seu papel como referência nacional na preservação do patrimônio histórico, artístico e religioso, celebrando três séculos de fé, cultura e harmonia.
Foto: Eduardo Trópia / Divulgação